Delegacia registra 850 fraudes em 2013


O número de tentativas de fraudes bateu recorde no país em 2013. Segundo dados do Indicador Serasa Experian de Tentativas de Fraudes, divulgados pela Agência Brasil, a cada 14,5 segundos uma pessoa foi vítima de tentativa de fraude no ano passado. De acordo com a agência de notícias, no total, foram registrados 2,2 milhões de casos em que criminosos tentaram dar golpes utilizando os nomes de quem teve dados pessoais ou documentos roubados para fazer empréstimos ou negócios.

Graças ao aumento no efetivo da Delegacia de Defraudações, em Mossoró o número de casos de fraudes em 2013 diminuiu em comparação com 2012. Mesmo assim, o total ainda é alarmante. Foram 850 Boletins Ocorrências (BOs) no ano passado, diante de cerca de dois mil registrados em 2012, segundo informa o delegado José Vieira.

Ele explica que, geralmente, a fraude se configura quando a pessoa se utiliza de uma artimanha, um golpe, para obter algo de alguém como um documento, que lhe dê acesso a alguma vantagem criminosa.

Como exemplo, o delegado cita o famoso golpe do banco praticado, muitas vezes, contra os aposentados, quando alguém com um crachá por dentro da roupa ou enrolado no braço , que se identifica como funcionário do banco ou casa lotérica aborda o beneficiado e pede o cartão magnético para validar a senha, por exemplo, e utiliza esse cartão para sacar o dinheiro do aposentado.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   
Outra tentativa comum de golpe contra os mossoroenses são as mensagens que chegam via celular, dizendo que são enviadas por emissoras de TV. Os textos informam ao dono do aparelho que eles podem concorrer à participação no programa mediante depósito de determinada quantia em dinheiro em conta bancária. Depois do depósito, vem a decepção.

"A fraude vai depender mais da inteligência do fraudador", menciona o delegado. Segundo ele, dependendo da ação criativa é possível desenvolver várias fraudes. Para alguns golpes, é preciso ter conhecimento especializado em determinado assunto, como nos assuntos relacionados à internet. José Vieira conta que Mossoró já registrou casos relacionados ao assunto. Atraídas por promoções de produtos com preços bem abaixo do mercado na internet, as vítimas acabavam ludibriadas e efetivavam a compra, mas não recebiam o produto "adquirido". Em 2012, durante a operação Luiz Inácio, os policiais chegaram a prender uma quadrilha composta por quatro pessoas.

Outro caso comum em Mossoró é a falsificação de escrituras públicas de terrenos. Sem conhecimento, as vítimas adquirem os terrenos ofertados por um preço bem menor do que realmente valem de pessoas com documentos falsos. Porém, não procuram os cartórios para saber se aquele terreno possui Escritura Pública.

O delegado alerta para que as pessoas desconfiem de uma situação sempre que ela for muito proveitosa para apenas uma das partes, o que contrária a lógica do mercado, que objetiva o lucro.

O "bilhete premiado" é outro golpe aplicado em Mossoró. José Vieira explica que, nesse exemplo, uma pessoa vestida, geralmente, de modo simples, aborda outras na rua dizendo que está com um bilhete premiado. Na frente dessas pessoas, o autor do golpe liga para alguém, que diz ser do banco. O suposto funcionário bancário atende e confirma que o bilhete é premiado. Se o valor do prêmio é R$ 100 mil, por exemplo, o bilhete é oferecido por cerca de R$ 20 mil. O interessado vai até um banco em companhia do golpista, saca o dinheiro e entrega, mas quando vai conferir, o bilhete é falso.

"O golpe é mais na falta de atenção da vítima, que na esperteza do fraudador", complementa o delegado.

Outra prática antiga que ainda prejudica muitas pessoas é a do cheque caído. O delegado explica que, nesse caso, que geralmente ocorre nas saídas de banco, a pessoa que aplica o golpe deixa um cheque cair para que seus alvos percebam. A vítima então apanha o cheque e o entrega, mas o golpista insiste em retribuir a pessoa e a convida a sair do banco, ir a uma loja para lhe comprar um presente ou algo do tipo. Com a ajuda de outra pessoa ela vai conversando com a vítima e o orienta a ir ao caixa da loja, por exemplo. Enquanto isso, segura a bolsa da vítima, que já sacou sua aposentadoria ou outro benefício no banco. Ao voltar do caixa, onde não constava nenhuma recompensa para a vítima, ela perceber que os golpistas sumiram com sua bolsa.

Somado a esses casos, é comum também o golpe do cartão clonado.
O delegado informa que as fraudes também podem ser contra o patrimônio público. "Tudo que envolve falsificação", explica José Vieira. 

Não falta criatividade para os fraudadores. Outro crime citado pelo delegado é aquele em que uma pessoa liga para alguém, com certo conhecimento sobre o dono do celular, se passando por um familiar que está na estrada, com problemas no carro, precisando de dinheiro. No intuito de ajudar, a vítima fornece dados de cartão e seu dinheiro é levado. Em muitos casos, o autor do golpe nem é de Mossoró.

E os crimes não param por aí. Há casos em que os bandidos falsificam a documentação e vão para as revendedoras de carros usados. Assinam os documentos como se fossem outra pessoa, a financeira não confere a informação e o bandido sai com o carro, deixando a dívida para outra pessoa pagar.

O fraudador costuma ser ágil e agir com rapidez. "A característica do estelionatário é dar o golpe e ir embora", alerta o delegado.  Em pouco tempo, é possível levar muito dinheiro.

"No banco, se chegar alguém com bilhete dizendo que a pessoa precisa renovar a senha, é fatal", diz José Vieira sobre um dos crimes mais comuns. 
Os idosos são vítimas em potencial. Por causa disso, é comum os golpes acontecerem no final de cada mês, quando os aposentados recebem seus benefícios.

O delegado alerta às pessoas que não respondam ou sigam orientações de mensagens de textos cujos remetentes forem instituições bancárias, pois os bancos já possuem os dados de seus clientes e não solicitam essas informações, muito menos por telefone. As pessoas também não devem repassar seus cartões magnéticos a terceiros e, ao realizarem compras pela internet procurem analisar a veracidade do site. Segundo José Vieira o portal do PROCON possui uma lista de sites fraudulentos para alertar o consumidor.

Em alguns casos, a fraude pode ser revertida, em outras, o prejuízo é tão grande e difícil de ser reparado que a pessoa tem dificuldades em se reeguer financeiramente.

Para quem caiu em algum golpe o primeiro passo é fazer um Boletim de Ocorrência. Com o documento em mãos, a vítima pode procurar as instituições bancárias, caso o crime tenha ocorrido dentro do banco. Em geral, o delegado informa que os bancos repõem o dinheiro tomado da vítima.

O documento também serve para dar entrada em ações na Justiça contra financeiras que tenham consentido empréstimos consignados sem o devido cuidado com o cliente, entre outros.

Fonte: http://www.gazetadooeste.com.br/mossoro-delegacia-registra-850-fraudes-em-2013-19690

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