Cartas de Beira-Mar revelam a fragilidade nas instituições de "segurança máxima"

Durante operações policiais no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, no final do ano passado, foram encontradas, em uma das casas várias cartas escritas à mão, que após examinadas tecnicamente ficou comprovado que o autor seria Luiz Fernando da Costa, o "Fernandinho Beira-Mar", cumprindo pena atualmente no Presídio Federal de Mossoró. As cartas estavam na casa de "Marcelinho Niterói", braço direito de Beira-Mar e que está foragido.

Nos manuscritos, o traficante dá várias ordens aos seus subordinados com relação ao tráfico e crimes que ele comanda de dentro do presídio. Foi através dos bilhetes que a polícia conseguiu desvendar a sofisticada engenharia financeira usada para lavar o dinheiro do crime. A revelação do teor dos escritos foi feita pelo "Fantástico" da TV Globo, no último domingo.

Segundo a revista eletrônica, investigação do núcleo de combate à lavagem de dinheiro da Polícia Civil do Rio de Janeiro detectou que os textos foram escritos de janeiro a junho do ano passado, período em que Beira-Mar estava na Penitenciária Federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, quando o diretor era Arcelino Damasceno, hoje à frente da unidade de Mossoró.

No conteúdo dos escritos, o chefe da principal facção criminosa do Rio sugere aos seus comandados sequestrar autoridades que só seriam libertadas quando ele estivesse solto. O bilhete não revela que autoridade seria raptada, mas é ameaçador. Fernandinho Beira-Mar orienta que se essa condição não fosse aceita a pessoa deveria ser executada. "Só lamento. Passem fogo na pessoa e vamos pegar outra com mais peso político", dizia um bilhete.

Fuga
Outro ponto relatado na matéria da TV Globo é a existência de um plano de fuga, onde o traficante seria resgatado de dentro da prisão, através de invasão, caso não conseguisse ser solto após sequestrar alguma autoridade importante. Depois de solto, Beria-Mar seria levado para o Paraguai, onde passaria a se organizar e comandar pessoalmente as "firmas", como ele chama suas empresas do tráfico.

Devido a esse suposto resgate, o traficante foi removido para Mossoró, onde na semana passada recebeu da Justiça a ordem de permanecer preso em solo potiguar por tempo indeterminado.

Em declaração à imprensa, o diretor do Sistema Penitenciário Federal, Sandro Avelar, não confirma a existência do plano de fuga, mas também não nega. "Tem determinadas situações que, em se tratando de um presídio de segurança máxima, nós não temos como falar em público", disse Sandro Avelar.

Só resta agora esperar o próximo desfecho dessa história que, pelo desenrolar dos acontecimentos, provavelmente será protagonizada em solo mossoroense, uma vez o traficante está preso na unidade de segurança máxima local.

O diretor do Presídio Federal de Mossoró foi procurado pela reportagem do O Mossoroense, mas a assessoria disse que ele não estava na instituição.

Fonte: O Mossoroense, 22/03/2011.

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