Internet móvel sem sinal é queixa comum

O ritmo crescente da internet móvel no Brasil – já são 47 milhões de acessos, que dobraram de 2010 para 2011, segundo dados recentes da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e a consultoria Teleco – não é acompanhado da melhora na qualidade do serviço, segundo reclamações de consumidores. A queixa principal, conforme clientes ouvidos pelo UOL Tecnologia, é a de ausência de sinal 3G em áreas onde ele deveria estar disponível. Veja a seguir alguns desses relatos e dicas de como evitar cair no “conto da internet móvel” das operadoras.


Dicas
Avalie se você precisa mesmo de 3G: Às vezes, redes Wi-Fi grátis em locais que você mais frequenta (trabalho, faculdade, em casa) já atendem a sua necessidade


Pesquise antes com amigos que já usam 3G: Não caia no papo do vendedor da operadora sobre “cobertura em território nacional” e pergunte a amigos que usam 3G como é o sinal em diferentes locais que frequentam


Não confie no mapa de cobertura no da operadora: Mesmo que o mapa mostre que a área possui sinal, a internet móvel pode estar indisponível devido a obstáculos físicos e número de usuários conectados simultaneamente naquela área


Cuidado ao escolher o plano: Ofertas de internet pré-paga em geral estão sujeitas à restrição do tráfego de dados (medido em MB); atingido o limite, cai a velocidade de conexão
Cuidado MESMO ao escolher o plano: Ofertas de internet pós-paga, em planos limitados, cobram pelo tráfego de dados excedente e não avisam quando o máximo já foi consumido (veja como calcular dados)


Está sem sinal? Se você contratou o serviço, mas está sem sinal, faça a reclamação junto à operadora, anote protocolos de atendimento. Caso o problema persista, cancele o contrato com isenção de valores conforme previsto pelo Código de Defesa do Consumidor


Reclame: Se está insatisfeito com a qualidade do serviço prestado pela operadora, faça uma reclamação junto ao Procon da sua cidade e no portal da Anatel


A venda de planos pré-pagos baratos ajudou a popularizar a internet 3G, sem que as operadoras fornecessem informações suficientes aos usuários sobre as várias limitações desse serviço. É comum comprar um plano e só depois descobrir que o serviço não está disponível onde você mais precisa: em casa, no trabalho ou na faculdade. Ou até em todos os lugares ao mesmo tempo.


“Mesmo que o dispositivo mostre que há 3G disponível, se existirem muitos terminais conectados simultaneamente ou até mesmo obstáculos físicos, o sinal fica ruim e o usuário não conseguirá se conectar à rede”, explica Ruy Bottesi, presidente da AET (Associação dos Engenheiros de Telecomunicações.


“Para melhorar o sinal, seriam necessários investimentos das operadoras em infraestrutura. Isso não ocorre, principalmente, pela alta carga de impostos dos equipamentos de telecomunicação, em torno de 40%”, prossegue. O resultado, diz Bottesi, é um ciclo vicioso: o governo não desonera impostos e as operadoras não investem de forma proporcional ao ritmo de crescimento da rede de usuários. Ainda assim, novos usuários são adicionados às redes existentes e já sobrecarregadas. “E o mesmo problema vai ocorrer com a rede 4G [internet móvel ultraveloz]”, projeta.


Míseros '10%'
Além disso, nos contratos das operadoras, é comum encontrar uma cláusula em que a empresa se compromete a entregar “o mínimo de 10% da velocidade nominal”. Comprou um pacote de 1 Mbps (megabit por segundo)? Contente-se com 100 Kbps (kilobits por segundo; cerca do dobro de uma conexão fixa discada). A exigência da oferta de uma velocidade maior só virá quando a Anatel tornar efetivas as regras de qualidade do serviço – que se arrastam há dois anos aguardando aprovação.


Em 2010, a agência governamental iniciou o projeto para criar o regulamento com metas de qualidade da telefonia móvel – entre elas, pontos específicos versam sobre a internet 3G. Foi aberta uma consulta pública, que recebeu contribuições tanto da sociedade como de empresas.

Cláusula em que a operadora se compromete a entregar “o mínimo 10% da velocidade” é de praxe em contratos. Um pacote de 1 Mbps vira 100 Kbps (pouco melhor que internet 'discada')
Mas a resolução final, publicada em 28 de outubro de 2011, ainda não está valendo para o serviço de internet móvel. Isso porque a operadora Oi fez um pedido de anulação das metas referentes à banda larga móvel e fixa. Segundo a assessoria de imprensa da Anatel, em tese as regras passariam a valer em novembro deste ano, mas é preciso aguardar a agência avaliar o pedido da Oi, ainda em processo de consulta pública. Quando (e se) entrarem em vigor, as regras da Anatel determinam valores progressivos de cumprimento da velocidade máxima contratada, no período de pico das 10h às 22h. A exigência da entrega da velocidade será de até 20% em 2012; 30% em 2013 e 40% a partir de 2014.
Consumidor deve reclamar


A falta de regras pelo governo, no entanto, não obriga os consumidores a serem “reféns” dos contratos feitos com as operadoras, alerta Marta Aur, técnica do Procon-SP. “O Código de Defesa do Consumidor garante o direito à informação adequada, clara e precisa sobre o serviço oferecido. É justamente isso que grande parte das operadoras vem descumprindo”, destaca.

Fonte: http://tecnologia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2012/04/03/rede-3g-sem-sinal-e-reclamacao-comum-veja-dicas-para-nao-cair-no-conto-de-fadas-da-internet-movel.jhtm

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