A Unimed
Fortaleza deve pagar R$ 290 mil de reparação moral e R$ 50 mil de danos
estéticos para cirurgiã-dentista que ficou com sequelas causadas por falha de
aparelho durante um exame. A decisão, proferida nessa segunda-feira (05/05), é
do juiz José Cavalcante Junior, em respondência pela 27ª Vara Cível de
Fortaleza. Os valores foram baseados em casos semelhantes que tramitaram no
Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Consta
nos autos (nº 0144405-75.2009.8.06.0001) que, em janeiro de 2007, após sentir
tonturas e taquicardia, a paciente, então com 23 anos, foi diagnosticada com um
“filamento nervoso a mais no coração”. Por isso, foi submetida a um exame,
chamado “estudo eletrofisiológico”, no Hospital Regional da Unimed. Na ocasião,
apresentava frequência cardíaca normal.
Após
receber alta, no dia seguinte, a dentista sentiu mal estar e retornou ao
hospital, sendo detectado que a frequência cardíaca dela estava muito baixa. O
médico plantonista prescreveu a implantação de um marcapasso e internação
urgente em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O
profissional que realizou o primeiro procedimento (estudo eletrofisiológico)
relatou que, naquela ocasião, o equipamento utilizado já vinha apresentando
problemas e apagou por alguns instantes. Segundo ele, isso fez que com que o
catéter cauterizasse a região saudáveldo coração, resultando em “bloqueio
atrioventricular”, edema e “desestabilização da condução elétrica” do órgão.
Após a
intervenção, a dentista passou quatro meses sem trabalhar, tendo prejuízo de R$
8 mil, e ficou com uma série de limitações físicas e uma grande cicatriz na
região. Além disso, terá de se submeter a procedimento cirúrgico, a cada oito
anos, para trocar o marcapasso, correndo risco de morte. Por conta dos
transtornos, ela ingressou, em dezembro de 2009, com ação de indenização por
danos morais, estéticos e materiais.
Na
contestação, a Unimed defendeu que não foram comprovados os danos alegados.
Sustentou ainda que a situação envolvia riscos inerentes ao procedimento.
Ao
analisar o caso, o magistrado destacou que o incidente causou sofrimento,
frustração e desgaste emocional. Isso porque a paciente “teve a saúde
comprometida para o resto de seus dias, mantendo-se dependente de aparelho,
caracterizando o dano moral na sua forma mais grave”.
O juiz
destacou que “os danos estéticos também restaram comprovados” devido à cicatriz
e porque a dentista permanecerá, pelo resto da vida, com um aparelho que, mesmo
subcutâneo, tem parte aparente e sensível ao tato. Afirmou que “a cada oito ou
dez anos será necessária nova cirurgia, agravando as lesões”.
Além
disso, determinou que a cooperativa mantenha o plano de saúde de forma
definitiva, sem custos para a paciente, “medida que minimizará os danos
futuros”. Por fim, a Unimed deverá pagar valores referentes aos salários dos
meses em que a dentista ficou impossibilitada de trabalhar. O valor será
definido na fase de liquidação da sentença.
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